Aprendizados de diretores em dez municípios brasileiros podem ser extraídos desse período para melhorar a qualidade da Educação no Brasil
Desenvolvido pelo Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e), em parceria com o Itaú Social, o Relatório de Política Educacional “Gestão Escolar em tempos de crise: o que a pandemia pode nos ensinar para o futuro?” revela estratégias e desafios comuns aos diretores escolares em dez municípios brasileiros que declararam ter adotado boas estratégias de ensino durante a crise sanitária. O estudo identificou os aprendizados do período e traçou recomendações de possíveis melhorias da gestão escolar.
Os dez municípios do estudo de caso selecionados foram aqueles que, a partir de uma combinação de metodologias (saiba mais em Nota Metodológica), declararam ter adotado boas estratégias de enfrentamento à pandemia em quatro quesitos: tecnologias para o ensino remoto; estratégias de apoio aos estudantes e professores; acesso à internet; e distribuição de equipamentos. Em uma segunda etapa foram entrevistados diretores e diretoras escolares e representantes das secretarias municipais de Educação dessas localidades, totalizando 99 entrevistas feitas a distância.
Entre os achados, a pesquisa mostra que os diretores de escolas tiveram a responsabilidade de coordenar os esforços para garantir que os vínculos dos estudantes com a escola fossem mantidos assim como a aprendizagem. Isso gerou uma aproximação da comunidade escolar, estabelecendo-se uma nova relação família-escola. Um dos principais desafios refere-se à rotatividade desses profissionais – alguns tiveram que ‘começar do zero’ no meio da pandemia, perdendo o conhecimento adquirido durante o mandato anterior. Além disso, os diretores de escola receberam apoios diferentes dos entes federativos, explicitando a necessidade de definir competências e responsabilidades para municípios, estados e federação. Por fim, o estudo corrobora mais uma vez que as desigualdades sociais foram evidenciadas na pandemia, reforçando a importância de ter a equidade como centro das políticas educacionais e a urgência de focar na recuperação da aprendizagem dos estudantes e olhar para a saúde mental da comunidade escolar.
Assinado por Lara Simielli, Maria Teresa Gonzaga Alves, Valéria Cristina Oliveira, Flavia Pereira Xavier e Gabriela Lotta, o estudo faz parte de um conjunto de evidências sobre o tema reunidos pelo D³e com a proposta de sistematizar as principais aprendizagens decorrentes do período mais crítico da pandemia no setor educacional brasileiro. Parte dos seus resultados foram antecipados em dezembro do ano passado para subsidiar a equipe do novo governo federal nos cem primeiros dias de gestão.
Além do relatório e seus derivados – Resumo e Evidências em Mãos (one-page)-, fazem parte desse conjunto: a Nota Técnica “Impactos da pandemia na educação brasileira” realizado em parceria com a Fundação Lemann; a Tradução de Evidências “Reimaginar e reconstruir: volta às aulas com a equidade no centro”, parceria com Itaú Social; e o artigo “Isolamento para todos, educação para poucos: o que a análise das estratégias educacionais no primeiro ano da pandemia nos ensina sobre o acirramento das desigualdades escolares no Brasil”, que apresenta a metodologia desenvolvida especialmente para o RPE “Gestão Escolar em tempos de crise: o que a pandemia pode nos ensinar para o futuro?”.