Organizações sociais e poder público debatem estudo sobre desigualdades educacionais no Brasil

Mesmo com o debate sobre políticas educacionais no Brasil sendo pautado nos últimos anos por questões relacionadas à equidade, há poucos estudos sobre o tema. E as pesquisas existentes têm se concentrado mais na investigação das desigualdades educacionais e menos em como o entendimento dessas desigualdades pode orientar o desenho de políticas de equidade.

Essas conclusões, que fazem parte de estudo realizado pelo Centro Lemann e coordenado pelo D³e com o apoio da Porticus, foram debatidas em dois encontros que contaram com a participação de diversas organizações sociais. Em ambos os eventos, as pesquisadoras e autoras da Nota Científica ‘Mapeamento de estudos nacionais sobre desigualdades educacionais’, Priscilla Tavares e Lara Simielli apresentaram os principais resultados, assim como a metodologia utilizada. 

O estudo fez uma revisão e sistematização de pesquisas já produzidas no Brasil que tratam das desigualdades na educação básica em três categorias de análise – insumos, processos e resultados escolares – e com base em cinco dimensões – gênero, raça, nível socioeconômico (NSE), localidade e deficiência. A partir do levantamento e da análise de 117 estudos foram identificadas as principais áreas de enfoque e as lacunas da pesquisa nacional sobre desigualdades educacionais

O primeiro debate foi realizado com as organizações integrantes da Coalizão Brasileira pelas Evidências. Antonio Bara Bresolin, diretor executivo do D³e, e Eduardo Marino, gestor do Programa de Pesquisa Aplicada do Centro Lemann, abriram o encontro abordando o papel das evidências para aprimorar políticas educacionais. Vinicius Campos, gestor de projetos estratégicos na Secretaria de Estado da Educação do Paraná, completou a discussão trazendo a visão da gestão pública no uso de evidências educacionais. 

“As secretarias de estado por questão de custos focam nas pesquisas universalistas e eu entendo que as fundações e institutos empresariais têm um papel fundamental para fazer pressão nas redes”, afirmou Maria Elisa Abrante, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, no Café com Evidências Dados para a Equidade, o segundo evento sobre o estudo. 

O debate, realizado em parceria com o Centro Lemann e mediado pelo jornalista Antônio Gois,  reuniu representantes de 13 organizações da sociedade civil e do governo com o intuito de identificar formas de incentivar estudos futuros nas lacunas identificadas pelas pesquisadoras. “O desafio e a missão do D³e é apoiar a sistematização do conhecimento científico para que ele de fato contribua para a construção de políticas educacionais”, disse Antonio Bara Bresolin.