
Organizações sem fins lucrativos normalmente existem para identificar problemas que merecem atenção da sociedade civil e buscam agir para solucioná-los. Para isso, uma das formas mais efetivas de causar impacto sobre tais problemas é levar ao poder público evidências sobre a questão a fim de convencer os gestores públicos sobre sua importância e desenhar novas políticas.
Tendo essa premissa, a Trilha Formativa de Políticas Públicas, idealizada em parceria com B3 Social e implementada pelo D³e, teve como objetivo capacitar organizações para compreenderem o ciclo da política pública educacional e suas implicações para projetos sociais, uma vez que o entendimento do conceito é essencial para que as organizações possam alinhar seus projetos às demandas sociais e governamentais.
A abordagem dos encontros considerou a capacitação das organizações para entender o ciclo da política pública educacional, a importância da política pública para alinhar projetos às necessidades sociais, o papel das organizações como protagonistas na formulação e implementação de políticas e o fortalecimento dos projetos sociais e construção de um ambiente colaborativo entre sociedade civil e poder público.
“Compreender e atuar no ciclo das políticas públicas é essencial para que o terceiro setor fortaleça sua capacidade de gerar impacto. Essa abordagem permite uma atuação mais sistêmica, alinhando projetos às demandas sociais e construindo soluções duradouras em parceria com o poder público”, pontua Fabiana Prianti, head da B3 Social.
Para esse objetivo, Lys Vinhaes, professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), destacou a importância da articulação com atores políticos, como o Executivo, Legislativo, universidades e imprensa, além da compreensão dos limites legais da gestão pública. “A gestão pública é pautada pela legalidade e tem características que o mundo privado não compreende. Na gestão pública, eu, gestor público, só posso fazer o que a lei me assegura que eu posso fazer”, comenta a professora.
Durante toda a formação, a tutoria foi um elemento essencial, segundo Lys Vinhaes, pois trouxe contribuições teóricas e práticas das especialistas Fernanda Lima Silva, até então professora e pesquisadora da FGV, e Fernanda Carvalho, ex-secretária municipal de Educação de Castro Alves (BA). Com isso, os participantes receberam dicas e feedbacks valiosos para lidar com os desafios que surgem em projetos de políticas públicas.
Com um público diversificado, o curso contribuiu de maneira variada para os participantes. Enquanto algumas instituições mais estruturadas receberam insights sobre como atuar politicamente, outras, em estágios iniciais, se beneficiaram da orientação sobre diagnóstico e articulação.
Para Rafaella Lopes, coordenadora educacional da associação Pisadas do Sertão, o curso foi uma grande oportunidade para ampliar o olhar para a atuação na construção de políticas públicas, além de avaliar a atuação da organização e identificar áreas de melhoria. “Construir políticas públicas para educação a partir do olhar e da atuação do terceiro setor foi um tema que me fez ampliar o olhar para as possibilidades e que buscarei implantar na minha prática como gestora”, comenta Rafaella.
Com isso, é possível constatar que a formação reafirmou a importância da capacitação do terceiro setor, destacando a complexidade da gestão pública e a necessidade de compreender o ciclo das políticas estatais para promover mudanças duradouras na educação.