Mais de 13 mil educadores responderam voluntariamente a uma enquete sobre aprendizagem híbrida, realizada pela Associação Nova Escola a pedido do Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e), com apoio técnico do Transformative Learning Technologies Lab (TLTL), da Universidade de Columbia (Estados Unidos).
As respostas, obtidas por uma amostra espontânea e não balanceada, revelam a percepção dos profissionais da educação sobre a modalidade e as experiências vivenciadas durante a pandemia de covid-19, em caráter de exceção. O levantamento se deu a partir das práticas possíveis e adotadas por redes de ensino no mundo inteiro, que precisaram recorrer emergencialmente a espaços de aprendizagem não presenciais.
A maioria dos respondentes da enquete (74%) era composta por professores. Outros 13,9% faziam parte da equipe gestora de escolas; 7,7% não atuavam diretamente em uma escola e 4,4% eram membros de alguma secretaria de educação.
O público teve acesso a cinco questões sobre o tema no site da Nova Escola, entre os dias 9 e 15 de junho. A enquete foi aberta às vésperas do lançamento do relatório de política educacional Aprendizagem Híbrida? Orientações para regulamentação e adoção com qualidade, equidade e inclusão.
O estudo, lançado no dia 13 de junho, em um evento para especialistas, é resultado da colaboração entre o D³e, o TLTL, a Fundação Telefônica Vivo e o Lemann Center for Entrepreneurship and Educational Innovation in Brazil, da Universidade de Stanford (Estados Unidos).
Saiba mais: D³e apresenta considerações para adoção da aprendizagem híbrida
O que educadores pensam sobre aprendizagem híbrida
Quando questionados se acreditam que há espaço para o uso das tecnologias e de ferramentas híbridas em período pós-pandemia de covid-19 e com o retorno presencial das aulas, 98% dos educadores respondentes afirmam que “sim”, como detalha o gráfico a seguir.
Sobre os obstáculos de se utilizar as tecnologias e ferramentas híbridas a favor da aprendizagem, as respostas da enquete revelam que as maiores dificuldades ainda têm a ver, prioritariamente, com o acesso à internet nas escolas (25,9%) e a falta de computadores para os estudantes (25,6%). Na sequência aparecem o conhecimento das tecnologias e de ferramentas digitais disponíveis (17,3%), o apoio para o uso das tecnologias (16,5%) e a disponibilidade de computadores para os professores (13,2%).
Quando o assunto é formação docente para fazer um uso efetivo das tecnologias e ferramentas híbridas, para 35,4% dos educadores, a prioridade é a formação aplicada e prática. Ao todo, 29,3% dos respondentes sinalizaram a importância da formação seguida de apoio para implementação; e 26,5% destacaram a necessidade de formação sobre tecnologias e ferramentas híbridas. Para 8,1%, deveria ser priorizada a existência de comunidades para troca de experiências.
Formar professores é um dos pontos essenciais para que a aprendizagem híbrida seja uma realidade nas escolas – e com qualidade. O tema é, inclusive, uma das recomendações do relatório de política educacional.
O estudo defende como necessários o redesenho de programas de formação de professores para contemplar habilidades de autoria com tecnologia e o desenvolvimento de pensamento crítico com relação a suas aplicações.
Além do tempo de formação, é fundamental apoiar o processo de experimentação e consolidação das novas habilidades digitais; garantir espaço para planejamento da atividade docente (a participação ativa dos estudantes no ambiente híbrido demandará um professor preparado para as especificidades e com maior tempo de planejamento e execução) e evitar sobrecarga de trabalho.