A relação escola e família: da comunicação para a conversação
Este documento apresenta evidências sobre a relação entre escola e família, destacando a necessidade de uma interação mais dialógica e colaborativa. A pesquisa tem como base uma revisão da literatura acadêmica nacional e internacional, analisando estudos desde os anos 2000 até 2024 sobre os impactos do envolvimento familiar na educação e os desafios da comunicação entre essas instituições. A síntese de evidências foi elaborada pelos pesquisadores Maria Virgínia Machado Dazzani e Waldomiro José Silva Filho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a fim de apoiar as equipes da Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo no uso de evidências científicas para a elaboração de estratégias educacionais.
O lançamento do estudo ocorre em um momento de transformações sociais e educacionais, marcadas pela digitalização das interações e pelo crescimento das tensões entre família e escola. A pandemia de Covid-19 e o aumento da polarização política intensificaram os desafios dessa relação, exigindo novas abordagens para o diálogo. Embora a comunicação entre escola e família seja amplamente reconhecida como essencial para o sucesso escolar dos alunos, o estudo aponta que, na prática, essa interação é frequentemente hierárquica e pouco inclusiva, dificultando o envolvimento ativo das famílias no processo educacional.
A pesquisa propõe substituir o modelo tradicional de comunicação – baseado na transmissão de informações unilaterais – pelo conceito de conversação, caracterizado por uma interação cooperativa e respeitosa entre escola e família. Para isso, recomenda ações como a ampliação de espaços de diálogo sobre temas sensíveis, a adoção de estratégias para enfrentar a polarização política, a criação de canais digitais eficazes para interação contínua e a implementação de atividades conjuntas que fortaleçam os laços entre escola e comunidade.
A relação entre escola e família deve ser um tema central na agenda educacional, especialmente no contexto atual, em que desinformação, conflitos ideológicos e desigualdades sociais impactam o ambiente escolar. O estudo reforça a importância de promover uma cultura de diálogo, na qual a escola atue como mediadora de debates construtivos, estimulando o pensamento crítico e a participação ativa da família na educação dos alunos.