Promoção de saúde mental no contexto escolar
Este estudo apresenta evidências sobre a importância da promoção da saúde mental no contexto escolar, destacando que a tarefa não deve ser exclusiva da educação. Com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a síntese de evidências revela que ansiedade e depressão foram os transtornos mais comuns entre crianças, adolescentes e jovens de 10 a 19 anos entre 2013 e 2023. O material foi lançado pelo D³e – Dados para um Debate Democrático na Educação, em parceria com a B3 Social e a Fundação José Luiz Setúbal (FJLS), com autoria de Vládia Jucá, professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Lançado em um momento em que cresce a preocupação com o bem-estar emocional dos estudantes, o estudo contribui para o debate sobre a necessidade de estratégias preventivas e do fortalecimento de redes intersetoriais que envolvam educação, saúde e assistência social. A pesquisa aponta que a escola é, ao mesmo tempo, um espaço privilegiado para a promoção da saúde mental e um ambiente que pode gerar sofrimento psíquico, especialmente devido a questões como racismo estrutural, desigualdade social e bullying. Além disso, destaca a sobrecarga dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e a necessidade de abordagens que vão além do simples encaminhamento de casos.
A pesquisa propõe como saídas para essa complexa questão a implementação de políticas públicas que fortaleçam a articulação entre diferentes setores, o incentivo a fóruns intersetoriais e a valorização de práticas de redução de danos. No contexto escolar, recomenda-se maior aproximação com as famílias, promoção de atividades que fortaleçam a solidariedade na comunidade escolar e criação de espaços de escuta e cidadania para os estudantes. Um modelo de destaque é o Apoio à Transição (MAT), adotado na rede municipal de Pojuca (BA), que busca facilitar a passagem do 5º para o 6º ano por meio de estratégias de acolhimento e acompanhamento dos estudantes.
A temática da saúde mental no ambiente escolar exige atenção especial na agenda de políticas públicas. Compreender seus desafios e impactos é essencial para a criação de soluções eficazes. O estudo reforça que integrar ações de promoção da saúde mental à rotina escolar pode contribuir para a formação de cidadãos mais resilientes e preparados para os desafios do futuro.